O Panthéon de Paris foi construído no século XVIII como igreja dedicada à santa protetora da cidade, Sainte Geneviève. Durante a Revolução Francesa, porém, muitos edifícios eclesiásticos foram tomados da Igreja e secularizados. Em outras postagens mencionarei também religiosos e religiosas perseguidos e mortos durante o período mais violento da Revolução. Não foi diferente com o Panthéon, que de igreja passou a monumento em honra das grandes personalidades da França, uma espécie de tumba de grandes artistas, políticos e cientistas franceses. Daí encontrarmos ali uma curiosa mistura de símbolos religiosos cristãos e civis em honra da pátria e nação francesa.
O edifício em estilo neo-clássico é muito bonito. O interior me chamou muita a atenção, decorado com pinturas mostrando cenas da vida de Sainte Geneviève, mas também com esculturas sobre temas seculares!
O edifício, em forma de cruz, possui uma cúpula imensa em seu ponto central (foto). Bem no meio da cúpula existe um afresco, pouco visível nesta foto, a Apoteose de Sainte Geneviève.
Mais uma reminiscência do período em que o Panthéon constituía uma igreja. Muitos turistas talvez não cheguem a ver bem esta imagem, pois bem abaixodela existe uma gigantesca pintura de uma batalha, representação que domina esta área do edifício. O Panthéon é para mim o retrato da França hoje, raízes profundas na religião cristã, mas ativamente secularizada, deliberadamente descristianizada. As reminiscências da religião, porém, reemergem de quando em quando para incomodar a laicidade da cultura francesa atual.