quarta-feira, 28 de abril de 2010











Quem visita Roma pode deixar de visitar muitas coisas, mas não esta parte da cidade. É a que vai da Piazza Venezia até o Coliseu, com ruínas da antigüidade nos dois lados da Via dei Fori Imperiali, que é uma avenida de grande circulação na cidade Aqui era o centro da vida romana no passado, onde se desenrolavam os assuntos da política, comércio, direito e religião. Chama a atenção os mercados de Trajano (primeira foto), o melhor shopping center da Antigüidade! A Coluna que aparece na foto é a Coluna de Trajano. Não dá para ver na Foto, mas tem um monte de cenas esculpidas na Coluna. Ali estão gravadas, em lugar público para todo mundo ver, as vitórias do imperador em alguma de suas campanhas militares. Era um dos modo de fazer propaganda do governo naquela época. A outra foto de ruínas mostra o lugar onde existia um Templo dedicado a Marte. Por fim, a foto da edificação às margens da avenida é a Basílica de Constantino e Maxêncio. Para quem não sabe, Basílica antes não era nome de igreja. A palavra basileus, no grego, quer dizer rei. A basílica era um lugar onde se desenvolviam atividades jurídicas, políticas e comerciais. Só muito tempo depois é que a Igreja começou a assumir do Império romano diversos hábitos e expressões, como o modelo da Basílica para suas igrejas maiores. Como são visitas a céu aberto, e bom fazê-las em tempo de sol e, finalmente, o inverno passou por aqui!

quinta-feira, 15 de abril de 2010











Finalmente uma foto do Coliseu! Lugar dos jogos e combates para divertir as massas na Antiguidade, era chamado de Teatro Flaviano. Cabiam mais de 60 mil pessoas aqui... Vespasiano mandou construí-lo exatamente em cima da ex-residência de Nero (Domus Aurea), cuja memória lhe era desagradável. Passo todos os dias na frente do Coliseu para ir à Universidade, mas ainda hoje, quando saio da estação do metrô em frente ao Anfiteatro, me impressiono com a visão. Como é um dos pontos mais visitados de Roma, todos os dias caminho desviando dos turistas de todos os cantos do mundo. Bem do lado do Coliseu fica o arco de Constantino, construído em comemoração à vitória do mesmo na batalha contra Maxêncio, ocasião em que o imperador se converteu ao cristianismo, fato que mudou a história da Igreja e do Ocidente. Enfim, em Roma para todo lado que olhamos encontramos séculos de história para apreciar. Não vai faltar programas interessantes por um bom tempo...

sábado, 10 de abril de 2010











As paraliturgias contaram com uma presença massiva do povo de Verdello. Foram dois os momentos interessantes. O primeiro na noite da sexta-feira santa. Pediram-me para levar na procissão um relicário, supostamente com relíquias da santa cruz, dos cravos de Jesus e do santo sepulcro (meio inverossímil...). Disseram-me que nos anos anteriores foi carregado pelo padre brasileiro que tinha ido ajudar nas confissões. Na procissão entendi o porquê. A tal relíquia deve pesar uns oito quilos, devemos vestir uma capa pluvial pesada e a procissão pela cidade é longa o suficiente para sentirmos dor nas costas. Fui escoltado por dois padres segurando as pontas da capa pluvial, num excesso de solenidade que culminou com a benção dentro da igreja. Foi bonito o modo como preparam as ruas onde passa a procissão, com velas, panos vermelhos nas janelas etc. Não faltou a banda da polícia e o coro acompanhando a procissão com cantos lembrando a paixão do Senhor e a imagem do Senhor morto. Esta paraliturgia, porém, não é estranha a nós brasileiros, que fazemos procissão com o Senhor morto. Foi no sábado santo que conheci uma celebração que foi novidade absoluta para mim: a benção dos ovos de páscoa! Em alguns lugares, e em Verdello isso é muito forte, o povo vem à igreja para fazer abençoar os ovos de Páscoa. São ovos de galinha, preparados ou não com pinturas, ou ovos de chocolate. E não é que venham apenas as crianças. A igreja estava lotada também de adultos e idosos. Os padres aproveitam a ocasião para explicar alguma coisa sobre o sentido da Páscoa e ligam a questão do ovo, que porta vida no interior, à vida nova da ressurreição e da Páscoa. É uma festa! No final, alguns deixam ovos, de galinha ou chocolate, para serem doados aos pobres. Na foto o povo com os respectivos ovos e um cestinho com ovos preparados pelas crianças.

quinta-feira, 8 de abril de 2010











A liturgia da Semana Santa em Verdello foi realizada com solenidade. Muita gente veio à igreja em todas as celebrações. As cerimônias sempre contaram com número grande de acólitos (coroinhas) e padres. Como o lugar é tradicional, usam paramentos muito antigos. Nas fotos dá para ter uma noção do estilo das casulas, estolas etc. Em geral o canto é acompanhado pelo órgão de tubos e executado pelo coral com arranjos simples e, ainda que belamente, com pouca participação dos fiéis no canto. Coloquei uma foto da adoração da cruz, na sexta-feira da paixão com a distribuição da comunhão. Da quinta-feira santa é a foto aérea dos padres. Eu estou na ponta de cima da foto e, na sequência, tem um padre cujo nome não aprendi, depois, no centro, don Diego, don Arturo e don Efrem, responsáveis pela paróquia, depois outro padre que não conheço (por sinal irmão do primeiro ignorado) e don Lorenzo, aquele que mora no asilo. Por fim uma foto da Vigília Pascal, com a preparação do círio pascal fora da Igreja. Em geral, senti falta da vibração com a qual celebramos a Semana Santa no Brasil, dos cantos que executamos nesta época etc. Como haviam muitos padres italianos, fiquei estava sem função específica na liturgia e pude observar tudo. Como acontece no Brasil, também aqui o povo gosta muito de paraliturgias, aquelas devoções que correm paralelas aos ritos oficiais. Às vezes comparecem mais a estas celebrações que àquelas oficiais (assunto da próxima postagem). Nisto me senti em casa... Um detalhe: aqui não tem feriado na Semana Santa! O povo trabalha inclusive sexta-feira da paixão e tem que dar uma fugidinha se quiser participar da ceelbração.

terça-feira, 6 de abril de 2010











A minha primeira Páscoa na Itália passei no Norte, em Verdello, uma pequena cidade de aproximadamente 9.000 habitantes entre Milão e Bérgamo, pertencente à diocese de Bérgamo. O tempo estava frio, pois este inverno está teimando em ficar. Como no Natal, fiquei à disposição para confissões, mas, desta vez, foi bem mais intenso. Teve dia em que ficamos atendendo de manhã, de tarde e de noite (terminando depois das dez horas). Outros padres ajudaram e teve dia em que eramos cinco padres atendendo, mas nunca acabava de chegar gente. No Natal, ficava de plantão, mas às vezes ficava alguns minutos desocupado. Desta vez, tinha a impressão de que antes do penitente levantar para sair do confessionário já tinha outro com a mão na maçaneta para entrar e não fiquei à toa hora nenhuma... Em todo caso, as confissões foram abertas e profundas. Em Verdello alguns falam o dialeto Bergamasco, muito mais difícil que o Napolitano que escutei no Natal. Eles também cortam o final das palavras na pronúncia e usam as vogais mistas "u" e "e" (como pronunciam os franceses, ou o ü alemão). Não dá para entender nada! Alguns, depois de confessarem tudo em bergamasco perguntavam: o Sr. entende bergamasco? Como os problemas são mais ou menos os mesmos em qualquer idioma, dava para captar em largos traços do que se tratava e, como quem tem de perdoar é Deus, ficava por isto mesmo. Coloquei a foto da Igreja paroquial onde celebrávamos, San Pietro e San Paolo apostoli, com a sua torre de 50 metros, ligeiramente inclinada (está assim já há alguns séculos). Eu fiquei hospedado com as freiras sacramentinas, que administram um asilo na cidade (foto). A superiora é a freira de preto, irmã Sara, que trabalhou no Brasil quando jovem, no Sul e também em BH, com meninas de rua. O sr. que está sentado é o ex-pároco, Don Lorenzo, que hoje já não caminha e mora no asilo. É amante de piadinhas inocentes (infelizmente algumas só fazem sentido em bergamasco e tive de rir das risadas alheias...). Por fim, duas fotos da catedral de Bérgamo. Fomos lá na quinta-feira santa, pois como em Belo Horizonte, o clero todo se reúne para renovar seu compromisso diante do bispo na missa do crisma, quinta-feira de manhã. Não é uma igreja grande, pelo que só os 600 padres ali reunidos praticamente lotaram a catedral. Chama a atenção o domo da catedral (foto). Muito embora os padres italianos reclamem que faltam vocações, a situação deles é muito mais tranqüila que a nossa e, sendo Bérgamo uma diocese bem menor do que a de Belo Horizonte, conta com mais do dobro de padres.