quinta-feira, 31 de março de 2011





É claro que a visita ao Egito não seria completa sem visitar a cidade do Cairo que é um dos lugares mais hiper-populados do planeta. É insuportável. Também se vê muita sujeira pelas ruas e o ar é pesado, por causa da poluição. A vantagem é que a comida é barata. Além disso, é aqui que podemos visitar as grandes pirâmides, estes monumentos funerários do Antigo Egito. Nos sentimos como se estivéssemos dentro de um filme, como se estas obras incríveis só existissem na ficção. No entanto, lá estão elas, resistindo ao tempo, assistindo ao mundo mudar continuamente (de fato, no dia seguinte à nossa partida começaram os conflitos que sacudiram a política egípcia). Dentre as muitas e curiosas teorias que surgiram para explicar estas construções gigantescas (dentre as quais a intervenção extra-terrestre de sabe-se lá qual civilização...) parece que grande parte da população era empregada nas obras fora do período de trabalho de semeadura e colheita. Obviamente não perdi a oportunidade de montar um camelo (atenção aos iniciantes: segure firme quando o camelo se levanta ou senta, pois se inclina num ângulo que pode te derrubar facilmente). Na outra foto, o grupo do Bíblico tentando ficar bem diante das três grandes pirâmides. Vigiando o rio Nilo no vale em frente e abaixo está a Esfinge (foto). Foi uma visita rápida, mas muito interessante. Visitamos também algumas igrejas copta da cidade, que talvez mereçam uma postagem no futuro, e saímos também com o desejo e esperança que a minoria cristã neste país encontre melhores dias, pois a situação das comunidades cristãs nesta região tem deteriorado nos últimos anos.

domingo, 13 de março de 2011











Bom, já é tempo de deixar Israel. Mas antes de voltar a Roma, passei no Egito com o grupo do Instituto Bíblico. Nossa primeira parada foi o Monte Sinai. Ali Moisés teria recebido de Deus as tábuas da Aliança. Subimos o monte a pé, de noite, ou melhor, de madrugada (começamos a subida às 02:30 horas). O motivo de termos partido neste horário esdrúxulo é que queríamos ver o nascer do sol lá do alto. Uma subida de mais de 2 horas. Como era inverno, enfrentamos um frio impressionante. Nas partes mais altas, tinha inclusive neve (foto). Não bastavam as roupas de frio que levamos. Eu levei comigo o cobertor do alojamento onde ficamos, este belo cobertor verde nas fotos. Alguns colegas, quando me viram saindo enrolado riram. Depois, no topo do Sinai, enquanto batiam queixo, tirei a forra. Brrrr... Sinto frio só de lembrar. O cobertor me trouxe problemas com os beduinos que moram na região, pois tive de me esquivar de diversas propostas de compra, afinal, não podia vender o que não era meu. À propósito, os beduinos compram e vendem tudo que esteja à mão. Eles também alugam camelos para subir o Sinai. Se volto lá, subo de camelo, pois é uma subida realmente pesada. Já no final da subida, quando a gente pensa que chegou, começam as escadas. Não me lembro o número de degraus, mas não acabam nunca... A vista do alto, porém, compensa o esforço. Se vê uma cadeia de montanhas numa paisagem inóspita que, ao mesmo tempo, choca e deslumbra. O lugar convida a pensar em Deus e, assim, não soa estranho que um dos episódios mais importantes na história das religiões seja referido a ele.

domingo, 6 de março de 2011











Uma das coisas boas de estudar em Jerusalém foi poder, depois de escutar ou analisar alguma questão em sala de aula, poder ir aos Museus ou sítios arqueológicos e ver com os próprios olhos. Legal também como os cursos se complementaram: Por exemplo, estudamos um texto hebraico de uma inscrição em História da Língua Hebraica depois o professor de Arqueologia comentava a importância da descoberta da tal inscrição e por fim fazíamos a visita ao museu para contemplar a mesma inscrição. Outra coisa legal depois de voltar a Roma é ver os nomes dos meus professores em Jerusalém nas notas de pé de página de diversos livros que estou lendo agora. De fato, foi um privilégio estudar com estudiosos que são referência no seu campo. Aqui, fotos do Israel Museum. A primeira é do interior de uma seção do museu chamada Shrine of the book, construída para abrigar os manuscritos descobertos na região do Mar Morto, dos quais falei numa postagem anterior. No centro deste hall está exposto em toda sua extensão o rolo de Isaías. O texto do profeta Isaías foi um dos encontrados em maior quantidade em Qunram, sinal da sua importância para a comunidade responsável pelos manuscritos. Também no Shrine of the book está o Códice Alepo, um dos códices mais antigos do Antigo Testamento, usado como fonte em algumas traduções da Bíblia. Este livro foi restaurado, pois no passado fora parcialmente destruído num incêndio. De fato, boa parte do Pentateuco (os primeiros 5 livros da Bíblia) faltam neste manuscrito. O pedaço de cerâmica na foto contém um texto hebraico que estudamos em sala de aula para ver as diferenças da língua em diferentes épocas. Já na outra foto, se vê duas pequenas placas de prata (uma de 10 cm, a outra de 7 cm) com os mais antigos versículos da Bíblia encontrados. Provavelmente as placas (enroladas) eram usadas como amuletos, e contém um texto do livro dos Números, a benção sacerdotal. Datam do século VII a.C. e foram descobertos na década de 70 (em tumbas do período do primeiro Templo) por ninguém menos que o meu professor de arqueologia, G. Barkay. Enfim, foi um programa de estudos bem completo em Jerusalém. Experiência densa, mas muito recompensadora esta em Israel.