quinta-feira, 7 de janeiro de 2010





Natal em Roccamonfina: retornei são e salvo, achando Roma uma cidade bem quente, pois a pequena Roccamonfina, no alto de uma montanha, tem um inverno mais rigoroso. De fato, quase todo dia, pela manhã, uma neblina, acompanhada ou não de chuva, tomava conta do lugar. A neve veio só um dia, e dela falarei em outro capítulo. Esta pequena cidade fica ao Sul, antes de Nápoles. Fica, perto do mar, o que tem uma influência grande na alimentação, que explicarei depois. Aqui, no âmbito familiar, as pessoas falam um dialeto napolitano. Explicando melhor: o antigo latim vulgar, falado no império romano, deu origem a um sem número de dialetos, sendo alguns "promovidos" a língua, como o português e o italiano, que era antes dialeto fiorentino. Assim, se alguém anda no interior da Itália, pode encontrar em duas cidades vizinhas, dois dialetos diferentes. A diversidade é muito grande e, em muitos lugares, o italiano só se difundiu depois da invenção da televisão. De certo modo, para muitos habitantes do interior, o italiano é uma segunda língua, às vezes pouco apreciada, como me confessou (não sacramentalmente!) a nossa cozinheira. Resumindo, dentro de casa escutavo dialeto, mas falavam comigo em italiano. Em todo caso, tive sorte porque o dialeto meridional de Roccamonfina não é muito distante do italiano: basta cortar a última sílaba na pronúncia das palavras (como fazem os franceses), o que infelizmente provoca mudanças de acento nas palavras, pronunciar o "s" como "x" em alguns encontros consonantais (st, sb, sp...) e usar a segunda pessoa do plural no lugar da segunda ou terceira singular (tratamento formal). Acontece, porém, de terem vocabulario próprio e, às vezes, têm dificuldade de lembrar a palavra correspondente em italiano! A cidade depende economicamente da produção de castanhas, sendo que em três meses trabalham pesado esperando que seja suficiente para todo o ano. Quando a colheita não é boa, como este ano, a população passa aperto. Além disso, sofrem concorrência dos japoneses, que produzem uma castanha maior. Na foto panorâmica da cidade pode-se ver as plantações de castanha nas encostas. O que fui fazer lá? Na Igreja da Itália se fala das Natalinas e das Pascoalinas, dias que antecedem às duas festas mais importantes do ano litúrgico. Nestas épocas os padres precisam de ajuda para as confissões, pois o povo católico procura em peso este sacramento. Assim, foram quinze dias (24 dezembro-6 de janeiro) escutando confissões. Coloquei uma foto da praça da cidade e uma foto de um parque.

3 comentários:

  1. Rogério vai gostar de saber dessa história das castanhas. Depois falam que os dos japoneses são menores. :)

    ResponderExcluir
  2. Já estava com saudades!!!!
    Um Feliz 2010!!
    abraços

    ResponderExcluir